Principais cineastas brasileiros: quem é Glauber Rocha?

Principais cineastas brasileiros: quem é Glauber Rocha?

O filme buscava despertar uma revolução, no entanto foi pela crítica e pelo público mais intelectual, que já estava acostumado com o Cinema Novo.

Após o lançamento desse filme, em 1969, Glauber foi preso e ameaçado de morte. 

Saiu do país até 1976 e continuou produzindo filmes na Espanha e Portugal.

 

A Idade da Terra

 

Último longa produzido por Glauber Rocha, em 1980, um ano antes de ser internado e falecer por problemas pulmonares.

Usou a imagem de Cristo para abordar questões políticas, raciais e culturais. Se você gosta de estudar o cinema nacional, já se perguntou quem é Glauber Rocha e quais são os seus principais títulos.

Desse modo, Glauber um dos maiores cineastas do movimento Cinema Novo conseguiu revolucionar o cinema nacional, o que lhe trouxe prestígio e reconhecimento. 

Atuou como produtor, diretor e até mesmo como ator e buscou exibir questões sociais e políticas do Brasil, a partir de uma linha crítica que buscava emocionar o espectador em relação à realidade das décadas de 1960 e 1970.

Leia nosso post e saiba quem é Glauber Rocha e quais são os títulos que você não pode deixar de conhecer!

 

Quem é Glauber Rocha: conheça sua história pessoal

Glauber Pedro de Andrade Rocha é um baiano que, desde criança, desejava trabalhar com cinema.

Nascido em 1939, em Vitória da Conquista, tornou-se o grande nome do Cinema Novo, sendo conhecido internacionalmente pelo seu trabalho.

Sua família passou por dificuldades na década de 1950, após sua irmã de 10 anos morrer e seu pai sofrer um acidente que o impediu de trabalhar.

Como resultado, Glauber começou a ajudar a sua mãe na gestão de uma pousada e loja familiar em seguida entrou na Faculdade de Direito, na Bahia, onde estudou durante 3 anos.

Por fim, após perceber que não gostaria de seguir essa carreira, desistiu do curso e se dedicou ao jornalismo e à sua carreira cinematográfica.

 

Quem é Glauber Rocha: sua história profissional

O início da carreira de Glauber Rocha impactou muito em seu percurso como cineasta. Sequencialmente, um ano antes de entrar para a Faculdade de Direito, Glauber participou da produção de um curta-metragem chamado: Um Dia na Rampa.

Depois, em 1957, se envolveu na produção do curta Pátio, que utilizou sobras do filme “Redenção” de Roberto Pires e foi lançado em 1959.

Por fim, nesse mesmo ano, participou de outro curta, mas saiu antes da sua finalização.

Em seguida, no ano 1959, Glauber foi para São Paulo participar de eventos da área cinematográfica, como a famosa Bienal de São Paulo e o Congresso dos Cineclubes.

Nesse contexto, o seu primeiro longa foi Barravento, lançado em 1962. Ele exerceu o papel de diretor após a desistência de Luiz Paulino dos Santos, que também havia escrito o roteiro. O filme foi exibido no Festival de Cinema de Nova York e premiado na Europa.

Desse modo, foi assim que sua carreira começou a decolar  junto com o desenvolvimento do movimento do Cinema Novo. 

 

O que é o Cinema Novo?

O Cinema Novo foi um movimento que buscava a valorização do cinema nacional e a renovação da linguagem cinematográfica, com temáticas sociais.

Desse modo, tudo começou no fim da década de 50, quando jovens se reuniram no Rio de Janeiro para discutir os principais problemas do cinema brasileiro e conhecer novos filmes.

Mas o movimento ganhou força na década de 60 e de 70 e traz um olhar mais realista e objetivo sobre as relações humanas, assim como sobre a existência, tal como outra grande influência, a Nouvelle Vague. 

Nesse contexto o principal foco do Cinema Novo era mostrar as injustiças socioeconômicas enfrentadas pelos mais pobres, numa críticas às desigualdades do Brasil e como projetos de desenvolvimento falham desde o começo do século. 

Em outras palavras, o movimento também era caracterizado pelas produções de baixo custo, mas que tinham muito conteúdo. Portanto os diretores buscavam trazer uma linguagem própria. .

 

A questão da fome

Glauber se tornou um grande nome do movimento do Cinema Novo e defendia um sentido de denúncia em seus filmes, que se baseavam noincomum e até no grotesco para investigar a pobreza de nosso país. 

No entanto, isso é retratado através de personagens com ações marcantes, como aqueles que comem terra e raízes, roubam ou matam para ter como manter a sua subsistência. 

Essas ações têm como objetivo chocar a audiência e trazer reflexão sobre a fome no Brasil.

A temática da fome era, constantemente, um foco no Cinema Novo e, em 1965, parte dos filmes continha a chamada “Eztetyka da Fome”.Frisamos os filmes Aruanda, dirigido por Linduarte Noronha, e Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, conhecidos também por essa marca.

Glauber apresentou esse conceito no Congresso Terceiro Mundo e Comunidade Mundial, que ocorreu em Gênova. Esse mesmo manifesto foi publicado na Revista Civilização Brasileira:

“A fome latina, por isto, não é somente um sintoma alarmante: é o nervo de sua própria sociedade. Aí reside a trágica originalidade do Cinema Novo diante do cinema mundial: nossa originalidade é nossa fome e nossa maior miséria é que esta fome, sendo sentida, não é compreendida.”

Vale ressaltar que mesmo os filmes sendo bem aceitos em festivais, a burguesia brasileira não gostava.

Vamos mostrar os principais para que você possa saber quem é Glauber Rocha e o seu impacto no Cinema Novo:

 

Deus e o Diabo na terra do Sol

Lançado em 1964, este filme foi premiado no Festival de Cinema Livre de Porreta na Itália e indicado à Palma de Ouro em Cannes.

Foi o segundo longa de Glauber Rocha e, por causa do seu sucesso, ele tornou-se o líder e um nome muito conhecido no movimento do Cinema Novo.

O filme é uma crítica social à exploração e à pobreza do sertão nordestino. Também existem questões religiosas.

A obra conta com muita violência e retrata a história de um casal que precisa fugir após o homem ter matado o seu patrão explorador. Eles se escondem em uma comunidade com um líder que luta pelo fim da pobreza e a transformação do mundo.

Esse filme traz referências à Guerra de Canudos, o que fica explicito em falas de Antônio das Mortes, afirmando que a morte do líder religioso era necessária para que ele não se tornasse um novo Conselheiro.

Desse modo, os movimentos culturais do Modernismo e do Cinema Novo estão diretamente ligados, o que é evidenciado nesse filme, assim como no Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos e Os Fuzis (1963), de Ruy Guerra.

Os três filmes mostram o sofrimento nordestino, o que nos leva ao romance regionalista, marcado pelo livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos, em 1938.

 

Terra em Transe

Premiado no Festival de Cannes, este filme de 1967 fala da política brasileira, focando nos intelectuais de esquerda e no golpe militar de 1964. Glauber Rocha marcou o movimento do Cinema Novo. Considerado precursor do movimento tropicalista.

Nesse contexto o filme fala sobre a situação política nacional, utilizando uma nação fictícia, chamada Eldorado. O poder é disputado entre militares, militantes, políticos, empresários e intelectuais após um golpe do movimento de direita, realidade, naquela época, de muitos países latinos.

O protagonista, Paulo Martins, é um intelectual e poeta que vê seus sonhos acabarem com o golpe de Estado que em seguida começa a analisar sua trajetória.

O longa foi proibido em todo o território nacional, mas, após algumas semanas, foi liberado novamente.

Depois, o filme foi considerado polêmico e divergiu a opinião dos intelectuais, principalmente por causa da crítica ao populismo.

 

O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro

Esse filme fez Glauber Rocha ganhar o prêmio de melhor diretor em Cannes.

A história conta a lenda de São Jorge e da sua luta contra um dragão e é o primeiro longa colorido do diretor.

Assim como seus outros filmes, a crítica política e social onde é mostrada a pobreza de um município brasileiro, o Jardim de Piranhas.

As personagens representam forças em conflito e são tipos sociais. Através da religiosidade, Glauber expõe a miséria nordestina e faz críticas sobre a política do fim dos anos 60.

Base na obra de Castro Alves.

Glauber sentia uma forte ligação com Castro Alves e acreditava ser a reencarnação dele, já que os dois nasceram no mesmo dia, na Bahia, e tinham como objetivo refletir sobre as aflições sociais.

A Idade da Terra, então, possui várias ideias desse poeta, desde a religiosa, até a construção das personagens, assim como nas suas falas que contam com um tom declamatório e discursivo.

Algumas falas chegam a ser paráfrases de versos de Vozes D’África e outros poemas.

Portanto o longa traz quatro tipos da imagem de Cristo: um militar, um índio, um guerrilheiro e um negro.

Eles são os cavaleiros do apocalipse e lutam contra John Brahms, um explorador ganancioso e violento que deseja dominar as terras tupiniquins.

Como resultado, o filme é considerado uma obra imperdível de Glauber e nós recomendamos!

 

O legado de Glauber Rocha

Glauber Rocha fez parte da história brasileira e merece o reconhecimento por todos os amantes de cinema.

Seus filmes trazem reflexões sobre a política e as condições socioeconômicas, sempre de maneira muito bem sucedida.

Desse modo, no YouTube tem diversos filmes completos do diretor e pode conhecer ainda mais o seu trabalho, que revolucionou o cinema nacional. Em seguida foi um dos responsáveis por trazer mais prestígio para a área cinematográfica do Brasil.

Por fim, confira a seleção da SoftCine para quem deseja conhecer quem é Glauber Rocha. Veja esses longas e deixe nos comentários o seu favorito!

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