Cinema Novo e Modernismo Brasileiro

Cinema Novo e Modernismo Brasileiro

Cinema Novo e Modernismo Brasileiro

O Cinema Novo nasceu na década de 50 com ideias vanguardistas de distanciamento do modelo de ficção norte-americano. Numa época em que o cinema brasileiro e a indústria cultural do país sofriam com alguns obstáculos, cineastas e artistas decidiram produzir um cinema mais popular, inspirado na realidade nacional, na cultura brasileira e nas características do modernismo brasileiro.

A estética

Com influência do neorrealismo italiano e do movimento “nouvelle vague” francês, o Cinema Novo foi inaugurado em 1955 com o filme Rio, 40 graus, do diretor Nelson Pereira Santos https://www.youtube.com/watch?v=mutKYwMc-Jg. A estética do movimento se baseava em recursos simples e primitivos, como filmagens em espaços públicos, deixando os ruídos da rua movimentada do centro de uma metrópole fazerem parte da cena. Os filmes abordavam temas como a precariedade da vida do brasileiro, o cotidiano do sertanejo e do trabalhador rural, sempre com cenários corriqueiros e muitos diálogos.

O grande lema do movimento era “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, um mantra que incentivava os cineastas a fazerem o cinema em qualquer lugar e a qualquer hora, independentemente da falta de recursos, estúdios, atores e produtores. Nesse sentido, filmes como Rio, 40 graus https://www.youtube.com/watch?v=mutKYwMc-Jg e Rio Zona Norte https://www.youtube.com/watch?v=DcGBL9PRvvs, que mostram a realidade imediata da sociedade sem grandes produções e roteiros, se assemelham muito à literatura modernista de escritores como Carlos Drummond de Andrade, Gilberto Freyre, Graciliano Ramos e Vinicius de Moraes.

Os períodos do Cinema Novo: década de 60 e ditadura militar

O primeiro período do Cinema Novo começou efetivamente em 1960 com as primeiras produções de Cacá Diegues, Ruy Guerra, César Saraceni, Joaquim Pedro de Andrade, Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, entre outros. O segundo momento se inicia com a ditadura militar em 1964 e dialoga completamente com esse tema, com grande presença do discurso político nas produções cinematográficas, se aproximando do Tropicalismo.

A última parte do movimento cinemanovista ocorreu entre os anos 1968 e 1972, quando começou a se desprender da estética realista de seu início. O grande destaque vai para a produção de Macunaíma https://www.youtube.com/watch?v=XoyYFumkOqU&t=133s, de Joaquim Pedro de Andrade, em 1969, inspirada na obra do grande escritor modernista Mário de Andrade.

A influência do modernismo brasileiro: revolução e vanguarda

Sem surpresas, o Cinema Novo, que tinha como objetivo dar destaque à realidade do nosso país, alinhou-se com o momento vanguardista brasileiro iniciado no século XX, o modernismo.

O modernismo e o Cinema Novo buscavam uma renovação da linguagem brasileira nas artes, rejeitando as formas do passado e aceitando tudo o que pudesse indicar modernidade. Nesse sentido, as vanguardas europeias tiveram grande influência na busca dessa identidade nacional. Essa ruptura com o tradicional gerou mais liberdade de expressão para os artistas brasileiros, que buscavam sua própria voz e estética.

O sentimento de rompimento total com a estética do passado começou nos movimentos vanguardistas europeus e foi adotado pelos modernistas e cinemanovistas brasileiros. Glauber Rocha https://softcine.com.br/principais-cineastas-brasileiros-quem-e-glauber-rocha/, grande nome do Cinema Novo, via esse rompimento como uma revolução. Revolução essa que já havia sido contemplada por Oswald de Andrade no início do modernismo no Brasil com o Manifesto Antropófago https://www.youtube.com/watch?v=nP0cM1PRd1E&feature=emb_title.

“O brasileiro de verdade”

Os dois movimentos culturais brasileiros buscavam uma oposição à organização econômica e política do país, que ainda tinha fortes influências da época da colônia. Para retratar essa rejeição ao passado ligado aos colonizadores, o modernismo e o Cinema Novo buscavam mostrar o homem brasileiro de verdade, com todos os seus problemas, angústias e carências, sem glamourização. Títulos bem representativos dessa estética são Vidas Secas https://www.youtube.com/watch?v=m5fsDcFOdwQ, de Nelson Pereira dos Santos, Deus e o Diabo na Terra do Sol https://www.youtube.com/watch?v=OlgBrV-E0v0, de Glauber Rocha, e Os Fuzis de Ruy Guerra https://www.youtube.com/watch?v=8aNkRDu4ZtY .

Os movimentos modernista e cinemanovista começaram com esse retrato do brasileiro de verdade no século passado, e, provavelmente, não imaginaram que iriam influenciar produções nacionais e nossa memória coletiva até os dias de hoje.

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